La Trappe Quadrupel

A cervejaria holandesa De Koningshoeven tem uma história conturbada quando se trata do uso do selo de autencidade trapista. Em 1999 devido a um acordo com a cervejaria Bavaria os monges que regulam o uso do selo proibiram a De
Koningshoeven de usar o selo nos rótulos de suas cervejas pois consideraram que a produção não estava passando pelo crivo dos monges da abadia Onze Lieve Vrouw van Koningshoeven. O uso do selo só voltou a ser permitido em 2005 depois de uma grande revisão feita pelos seus pares. Ainda assim o acordo com a Bavaria continua e as cervejas com a marca La Trappe são as trapistas mais comercializadas.

Rótulo simples com a marca em estilo rebuscado


Quando você abre uma garrafa da La Trappe Quadrupel o aroma que sobe já mostra que você está diante de uma cerveja incrível. O cheiro de malte, álcool e frutas (senti bananda mas li por aí que tem gente que sente laranja) é delicioso. A cor âmbar escuro não chega a deixar o copo opaco e a cerveja é coberta por um lindo creme cor de mel que dura até o fim. O sabor tem o malte muito destacado e um amargor gostoso. O álcool não aparece no sabor. É uma cerveja encorpada, de sensação licorosa e bem carbonatada que faz você querer tomar o próximo gole imediatamente. Acho que eu já disse mas vou dizer novamente: experimente uma cerveja trapista e prove o que de melhor pode ser produzido em qualidade cervejeira, como esta La Trappe.



Ficha

País: Holanda
Tipo: Belgian Quadrupel
Graduação alcoólica: 10%
Cervejaria: De Koningshoeven


Gauloise Ambrée

A Brasserie du Bocq foi fundada em 1858 por Martin Belot e até hoje é uma cervejaria com 100% do controle em mãos da família. O nome da cervejaria vem do rio belga Bocq que fica na província de Namur. No início a cervejaria só funcionava no inverno, período de menos trabalho na fazenda. Com o tempo a cerveja foi ganhando reconhecimento e mercado, especialmente depois da primeira guerra quando o lançamento da cerveja La Gauloise obteve grande sucesso.

O ano de fundação da cervejaria destacatado: Anno 1858


A Gauloise Ambrée é uma cerveja que se destaca, como diz sua descrição, pelo aroma lupulado que é uma delícia. Também sentimos um pouco do cheiro do álcool mas não muito. Sua cor é âmbar, como não poderia deixar de ser, e tem uma espuma densa, bege que vai deixando o famoso rendado belga pelo copo. O sabor maltado fica mais presente a cada gole enquanto a temperatura da cerveja vai subindo e o amargor é gostoso. O final é seco e a cerveja tem pouco gás. Uma cerveja deliciosa que valeu cada gole!


Ficha

País: Bélgica
Tipo: Belgian Pale Ale
Graduação alcoólica: 5,5%
Cervejaria: Brasserie du Bocq


Gauloise Fruits Rouges

A primeira cerveja do ano no blog é uma Fruit Beer, cerveja com adição de uma ou mais frutas. Atualmente, as cervejarias não usam a fruta de verdade e sim algum extrato de fruta. Na Bélgica é bem comum esse tipo de cerveja com muitas frutas ou com alguma fruta como "tempero" em algumas Saison. Pra muita gente não parece nem cerveja mas recomendo prová-las porque são diferentes de tudo o que você se acostumou a associar com cerveja.

A Brasserie du Bocq usa tampinhas coloridas para diferentes cervejas



Também são boas como sobremesa e foi para esse fim que escolhi essa Gauloise Fruits Rouges: como sobremesa do almoço de natal. Assim que você serve no copo já sente o cheiro de morangos no ar e ao aproximar da boca o cheiro de amoras aparece. Sua cor é vermelha, de morango, e a espuma é rósea, parece um mousse de morango no copo de cerveja! Na boca o sabor de morango sobressai e senti também um pouco do gosto de cereja. Não é uma cerveja muito doce, o que achei ótimo, já que não te faz esquecer que o que você está bebendo é uma cerveja. Tem um teor alcoólico bem alto, 8,2%, mas o sabor do álcool não é sentido em nenhum momento. É uma cerveja muito refrescante com final levemente seco e com quase nenhum amargor. Achei uma cerveja excelente e uma escolha adequada para a sobremesa!


Ficha

País: Bélgica
Tipo: Fruit Beer
Graduação alcoólica: 8,2%
Cervejaria: Brasserie du Bocq


Retrospectiva 2013

E termina 2013 e apesar de não ter publicado nas últimas semanas considero o desempenho deste blog excelente! Comecei em julho e foram 23 posts de cervejas que eu bebi e mais um post convidado. No untappd eu registrei 41 cervejas diferentes.

Algumas tampinhas das cervejas que bebi em casa


O post que mais gostei de escrever foi sobre a Colorado Demoiselle. O post mais acessado foi sobre a primeira brassagem semi-aberta da Acerva Paraense, associação da qual me tornei membro. As cervejas da Bélgica foram as que mais apareceram no blog em 2013, com as cervejas Trapistas contribuindo com três posts. E é justamente uma trapista a cerveja que mais gostei este ano: a Chimay Bleue.

Que 2014 seja farto em boas cervejas para este blog e para todos que me acompanham e gostam de boas cervejas! Bebam menos mas bebam melhor em 2014!


Tripel Karmeliet

A cervejaria Bosteels é uma cervejaria com mais de 200 anos de história. Fundada em 1791 na cidade de Buggenhout, na Bélgica, ela ainda é uma empresa familiar que está sob o comando da sétima geração de cervejeiros. Provavelmente você já deve ter ouvido falar da cultuada Deus, uma das cervejas mais caras do mundo que é feita por essa cervejaria.

O rótulo faz referência aos 3 grãos e à receitas dos monges Carmelitas

Mas eu ainda não quis falar com Deus e a cerveja que provei da Bosteels foi a Tripel Karmeliet. O triplo do nome vem para contar os cereais usados na produção: trigo, aveia e cevada. Karmeliet vem dos monges Carmelitas da cidade belga de Termonde que fizeram a receita em 1679. A receita foi resgatada pela Bosteels em 1996 e foi um sucesso estrondoso: ganhou vários prêmios e a demanda aumenta a cada ano, fazendo com que parte da produção fosse transferida para outra cervejaria.

No belo copo fica ainda melhor!
A cor dourada da Karmeliet é clara e deixa ver que a cerveja é efervescente antecipando a refrescância. A espuma é branca e persiste até o fim do último gole. O aroma é um pouco maltoso e ao mesmo tempo floral e cítrico. Achei o sabor maltoso, com um amargor gostoso e levemente picante. Apesar do teor alcóolico quase não sentimos o sabor do álcool. É cremosa, refrescante e saborosa, uma delícia de cerveja que me deixou com vontade conhecer as outras produções da cervejaria!



Ficha

País: Bélgica
Tipo: Belgian Tripel
Graduação alcoólica: 8,4%
Cervejaria: Brasserie Bosteels


Paulaner Original Münchner Hell

O estilo Munich Helles (ou Hell ou Helles) é um dos poucos estilos com data de nascimento: 21 de março de 1854. Nesta data a cervejaria Spaten de Munique enviou para Hamburgo um barril para um teste de degustação. O motivo? Foi naquele século XIX que as cervejas Pilsners estavam conquistando espaço na região da Boêmia, próxima à Bavária e as cervejarias da região não podiam assistir seu mercado ser tomando pelos concorrentes. A solução? Criar também uma cerveja clara e o estilo Helles foi a resposta. Uma cerveja também clara (Hell é luz e Helles é brilhante) mas sem o acentuado do amargor das Pilsners e mais ênfase no malte. O teste em Hamburgo foi um sucesso e no ano seguinte a Spaten lançou a cerveja na Bavária repetindo o sucesso.

A caneca é opcional, mas deixa tudo mais divertido!





A Original Münchner Hell da Paulaner mostra essas qualidades já no copo: dourada, límpida e com espuma que é boa no serviço mas quase desaparece rapidamente. O aroma é doce, maltoso e o lúpulo aparece um pouco. No sabor o malte destaca-se, gostoso e sem ser doce, o amargor aparece de forma equilibrada mas é engolido pelo malte. Não é uma cerveja com muita carbonatação mas ainda assim passa uma sensação refrescante. É uma cerveja bem equilibrada e boa de beber. Prove uma e descubra que não é só de cerveja de trigo que vivem os alemães!



Ficha

País: Alemanha
Tipo: Munich Helles
Graduação alcoólica: 4,9%
Cervejaria: Paulaner


Blanche de Namur

Em um castelo medieval, no início do século XIV, na região de Flandres na Bélgica foi criada a filha mais velha do Conde de Namur, Jean de Namur, e de sua mulher, Marie d'Artois: Blanche de Namur. No belo castelo ela cresceu recebendo educação real. Diz a lenda que o Rei da Suécia, Magnus IV, viajou à França em busca de uma esposa e ao passar pelo condado de Namur ficou encantado pela beleza de Blanche. Arranjos feitos, casaram-se e Blanche de Namur deixou a Bélgica para nunca mais voltar. Na Suécia foi coroada Rainha da Suécia, Noruega e Escânia, teve filhos e uma vida agitada em que  foi até  acusada de ter envenenado sua nora e o filho mais velho, que, diz-se, em seu leito de morte acreditava que foi envenenado pela própria mãe. Hoje acredita-se que ambos morreram por causa da peste e não há provas de envenenamento. Ainda hoje, na Suécia, a Rainha Blanche de Namur é considerada uma das mais populares da Suécia por não se apresentar ao povo como uma rainha distante e deixar ser vista como uma pessoa comum.

O rótulo destaca o prêmio: "Melhor Cerveja de Trigo do Mundo"

A belga Brasserie du Bocq decidiu fazer uma homenagem a essa figura histórica e para isso escolheu uma cerveja clara: uma witbier. A Blanche de Namur é uma cerveja de cor de palha, clara e com a turbidez característica do estilo. Seu aroma é suave e cítrico. No sabor, nenhum amargor e o cítrico aparece novamente e lembra limão. Leve e bem carbonatada, é bem refrescante e levemente adstringente no final. Muito boa cerveja e não é à toa que ganhou muitos prêmios desde 2009!


Ficha

País: Bélgica
Tipo: Witbier
Graduação alcoólica: 4,5%
Cervejaria: Brasserie du Bocq